terça-feira, 15 de outubro de 2013

Corpos e mentes em movimento

Ao longo de dez dias, o 11º Festival de Dança de Londrina levou ao palco do Circo Funcart e a espaços abertos da cidade um público estimado em 8 mil pessoas

            No domingo (13/out.), o maior palco a céu aberto de Londrina recebeu bailarinos clássicos e contemporâneos para a apresentação de encerramento do Festival de Dança 2013. A “Noite dos Clássicos”, no Anfiteatro do Zerão, apresentou para um público numeroso e atento “A Sagração da Primavera”, do Ballet de Londrina, a “Suite Dom Quixote”, da Escola Municipal de Dança (Londrina), e o grand pas de deux “Diana e Acteon”, da Cia Jovem da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (Joinville-SC).

Noite dos Clássicos no Zerão - fotos de Fábio Alcover e Mariana Hertel

Na mesma noite, o cerimonial reuniu a coordenadora do Festival Danieli Pereira, o presidente de honra Leonardo Ramos, a secretária municipal de cultura Solange Batigliana e, representando o prefeito Alexandre Kireeff, o vice-prefeito Guto Bellusci. Também subiram ao palco os patrocinadores Élcio José Coelho de Lara, superintendente regional da Caixa Econômica Federal, e Paula Sandreschi Victor, analista técnica de cultura do Serviço Social da Indústria (SESI).
Durante a cerimônia, o presidente de honra explicou que o Festival é “parte de um quebra-cabeça maior que tem a intenção de tornar a linguagem da dança acessível aos 500 mil habitantes da cidade”.  Já o vice-prefeito abordou a vocação londrinense para os Festivais - “a gente mostra o caminho para o desenvolvimento artístico do Brasil”. A coordenadora Danieli Pereira agradeceu o público, que, em massa, prestigiou os dez dias dedicados à arte do movimento. “Sem dúvida, foi uma edição histórica do evento, que pretende cada vez mais quebrar as barreiras entre as linguagens e ocupar toda a cidade de Londrina”, enfatizou.
Edição histórica – São vários os motivos que levam a organização a considerar a 11ª edição um marco na trajetória do Festival de Dança de Londrina. A intensa programação de espetáculos nacionais e internacionais, oficinas e mesas de debate consolidaram a identidade do evento - marcada pelo diálogo entre as artes a partir da dança e pelo intercâmbio de conhecimentos propiciado pela grade didática.
A ocupação de espaços públicos, voltando os olhos dos espectadores para questões da cidade, a reunião de montagens de reconhecida qualidade e os preços acessíveis das atrações são outras características que destacam o Festival londrinense no cenário dos eventos de artes cênicas do sul do país.
“A realização de um Festival envolve uma responsabilidade ética e estética. Basicamente, a nossa busca é propiciar o acesso das pessoas à arte e permitir que estas experiências sejam marcantes e transformadoras, que despertem novas posturas no que se refere à sua existência individual e coletiva”, explica Danieli Pereira, coordenadora do evento há quatro anos.
Em 2013, mais de 8 mil pessoas assistiram aos espetáculos da programação artística e participaram da grade didática. Ao todo, quinze companhias brasileiras e estrangeiras apresentaram-se com sucesso de público e seis atividades formativas tiveram suas vagas esgotadas em poucos dias. Os nomes de destaque da cena nacional e internacional atraíram para a bilheteria, já no primeiro dia, uma fila de espectadores. Ingressos para a montagem “Ave Maria”, do Odin Teatret (Dinamarca), acabaram em uma hora.
Master Class com Eugenio Barba (Odin Teatret) - fotos de Fábio Alcover e Mariana Hertel
A presença do diretor Eugenio Barba e da atriz Julia Varley, do lendário grupo dinamarquês, aliás, foi o grande destaque da programação e selou as interfaces entre dança e teatro no território cada vez mais híbrido das artes cênicas. A Cie À Fleur de Peau (França) e Dancenema (Portugal) igualmente apresentaram espetáculos que trouxeram fusões da dança com o circo, com as artes visuais e com a mímica. A montagem “Azul Infinito”, do grupo português, teve em Londrina a sua estreia nacional e segue em turnê em 2014 por outros festivais brasileiros.
Da cena brasileira, passaram pelo evento grupos e artistas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Na ausência do Teatro Ouro Verde, incendiado no início do ano passado, e de outros espaços com estrutura adequada à dança, o Festival utilizou o palco do Circo Funcart (com capacidade média para 200 espectadores) e levou atrações a espaços abertos e alternativos.
Foi o caso do encerramento, com a “Noite dos Clássicos” no Anfiteatro do Zerão, e da abertura - um dos destaques da programação. Pela primeira vez em Londrina, o Grupo Ares, de São Paulo, encenou “Tempo Suspenso” no dia 4 de outubro. A montagem de dança aérea foi remontada a pedido da organização com elementos alusivos à cidade e projetada para ocupar o histórico prédio da Casa da Criança, sede da Secretaria da Cultura, há quatro anos em reformas.
Em razão do tempo chuvoso, a apresentação de abertura teve de ser transferida para o interior do Royal Plaza Shopping. Os bailarinos do grupo paulista atiraram-se dos últimos andares e realizaram arriscadas performances no rapel, encantando as pessoas que se posicionaram nos vários pisos do shopping. A canção “Londrina”, de Arrigo Barnabé, integrou a trilha junto de clássicos como “Beatriz” (Chico Buarque e Edu Lobo) e “Oração ao Tempo” (Caetano Veloso).
Outras iniciativas ousadas de ocupação de espaços surpreenderam o público. O GEDA Cia de Dança, de Porto Alegre (RS), transformou a parte interna da Biblioteca Pública Municipal de Londrina para a apresentação de “Não me toque, estou cheia de lágrimas – sensações de Clarice Lispector”. O espetáculo baseado na vida da escritora levava os espectadores a percorrerem vários ambientes do prédio. De forma inusitada, a bailarina terminava sua performance do lado de fora da Biblioteca, na rua Rio de Janeiro, em direção ao Bosque.
El General no Zerão - fotos de Fábio Alcover e Mariana Hertel

O feriado do Dia da Criança (12/out.) foi animado por uma programação especial no gramado do Zerão. A diversão ficou por conta do palhaço Rafael de Barros, em “El general”, e do Ballezinho de Londrina, que relembrou trechos de espetáculos de seus 15 anos de estrada.
Ao propor como bandeira o diálogo entre as linguagens e ao oferecer um eclético panorama da dança - do clássico ao contemporâneo, das vertentes tradicionais ao hip hop - o Festival de Londrina aglutinou públicos de diferentes interesses. Na programação didática, o evento fomentou a reflexão e o intercâmbio de ideias não só com o imenso contingente de estudantes e profissionais da dança em Londrina, mas também com alunos de artes cênicas, atores, professores, performers e pessoas que buscam a iniciação nas artes do palco.
O encerramento do evento neste dia 13 marca o término da mostra oficial de outubro, mas não põe fim à programação, que pretende ampliar-se com as “Extensões” do Festival de Dança. A ideia é implementar a agenda cultural da cidade oferecendo ao público espetáculos, palestras e oficinas em outros momentos do ano.
A primeira Extensão aconteceu no mês de maio, quando, em um mesmo final de semana, o Festival reuniu em Londrina Jean-Jacques Lemêtre, mestre da música do Théâtre du Soleil (França), e o coreógrafo mineiro Vanilton Lakka, referência na pesquisa inventiva com o hip hop na ocupação da cidade.

Renato Forin Jr. / Assessoria de Imprensa Festival de Dança

O 11º Festival de Dança de Londrina aconteceu de 4 a 13 de outubro de 2013.
O Festival é uma realização da APD (Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná). Apoio institucional: Funcart. Patrocínio: Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC); Caixa Econômica Federal e SESI. Apoio: Loja Shop Ballet; Rádio UEL; College Language Center; Casa de Cultura da UEL / Divisão de Artes Cênicas; CLAC – Centro de Artes e Loja Balé Mania.


Informações: www.festivaldedancadelondrina.art.br / Fone: (43) 3342-2362

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